Conversas de Porta Aberta
Com João Martins
Ser professor é, talvez, uma das profissões mais desafiantes do século XXI, mas, ao mesmo tempo, a que beneficia de um tempo de colheita mais proveitoso. Não há bens materiais (embora também sejam fundamentais para a sobrevivência) que possam substituir aquilo que fazemos por amor. O que nos motiva e nos enriquece o espírito são os resultados das sementes que plantamos todos os dias. E todos os dias, há alguém que nos mostra a importância de (ainda) continuar a ser professor.
No dia 6 de novembro, um antigo aluno salesiano entrou (com convite) pela sua escola do coração adentro e deixou a porta (da sala Alfa) aberta, para que se conversasse e se refletisse sobre a escrita criativa e a sua importância no dia a dia de qualquer pessoa e, essencialmente, na vida de alunos da área das Humanidades. O João trouxe consigo a palavra para que ela fosse a anfitriã dos 90 minutos que partilhou com os alunos a quem deixou o legado da Literatura Portuguesa. A palavra puxou a palavra, relembrou o passado e deixou a esperança de um futuro em que a criação literária não deixasse de existir. Porém, o tempo foi escasso para falar e para criar. Aliás, muitos 90 minutos não são suficientes para quem terá a escrita como personagem principal nas suas vidas, será uma história ad aeternum, mesmo quando a matéria deixar de existir.
Ao João, agradecemos o seu contributo e a sua entrega; aos alunos de Literatura Portuguesa, agradeço a recetividade e a disponibilidade para receber o que o João tinha para transmitir. E deu frutos. Da conversa sobre a escrita criativa, surgiu a criação a partir da escrita (como partilhamos), num texto conjunto, onde cada semente germinou. João, como vê, mantivemos a porta aberta.
Joana Branco | Professora de Literatura Portuguesa
