Em meados do mês de março, o vírus Covid-19 forçou-nos a construir um casulo onde teremos de permanecer por tempo incerto. Enquanto as lagartas se limitam a existir, confinadas num pequeno espaço, nós, seres humanos, temos de ser criativos, fiéis e cumpridores. O destino do nosso país depende de nós, da nossa atitude e forma de pensar durante estes tempos mais difíceis com que nos debatemos.
Enquanto permanecia em casa, tomava ainda mais consciência do quanto a Vida é delicada, bela, volátil e fugaz. Aprendi, também, que, quando nos lamentamos por causa da vida que levamos, estamos a ser ingratos.
Felizmente, existe sempre um raio de esperança a espreitar por detrás do nevoeiro em que estivemos envoltos, que me guiou por caminhos até então desconhecidos, pois, durante o isolamento social, a minha vida sofreu uma grande transformação.
Comecei a olhar para tudo o que existe à minha volta com outros olhos… com os olhos de alguém que está a descobrir a simplicidade do mundo e da grandiosidade da Vida. Agora, quando acordo de manhã, admiro cada raio matinal que invade a cozinha (o que antes não fazia!) – a agitação quotidiana não permite reservar espaço na nossa mente para apreciar a simplicidade.
Raras são as saídas que faço, mas, quando isso acontece, aproveito cada momento (o que antes não fazia!).
A quarentena trouxe também outras vantagens no meu relacionamento com a família, pois, agora que estou confinada à minha casa, tive de aprender a “viver” novamente: ganhar novas rotinas, gerir os espaços e reaprender a brincar com o irmão.
Como todos os ciclos têm um princípio e um fim, a metamorfose da lagarta terá de terminar um dia. Por isso, quando começarmos a sair do nosso casulo, será um momento de grande magnificência. Sairemos sublimes borboletas que sofreram uma transformação colossal. Seremos pessoas novas, mais completas, que adquiriram novos hábitos, novas capacidades, e que cresceram graças à nossa infindável adaptabilidade. Estaremos ainda repletos de experiências e novas aventuras para partilhar e preparados para retomar a nossa vida atarefada, agora admirando-a de outra perspetiva.
Catarina Almeida | 7.ºA