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A beleza da lembrança: a arte como gratidão

Daniela Calças

Dou por mim a pensar como, sem memórias, a nossa vida se torna vazia. Se por um lado as memórias felizes nos dão alegria e ânimo para continuar, as mais difíceis ajudam-nos a desvendar quem verdadeiramente somos, inspirando-nos a pensar quem queremos ser e o que queremos fazer.

Cada memória é como uma nova cor, uma nova forma, uma nova palavra na obra de arte que é a vida. Uma obra em constante transformação.

Quantas vezes comtemplar uma pintura, assistir a um teatro, ouvir uma música, ler um livro nos remete para algo da nossa própria vida. Cada artista pode criar com inúmeras intenções, mas há uma que inevitavelmente está presente, mesmo que inconsciente: a gratidão. Gratidão pelo dom recebido, pelo trabalho feito, pela reflexão gerada.

Sem arte, a nossa vida não teria cor. Independentemente da beleza física, quantas memórias temos através da arquitetura, dentro de uma casa? Quantas memórias temos de uma história lida ao deitar? Quantas memórias temos de uma canção de embalar? Quantas memórias temos dos primeiros desenhos? Quantas memórias temos a rezar diante de esculturas ou pinturas? Inúmeras.

E quando nos faltar a memória, temos a fotografia, que não substitui o vivido, mas ajuda-nos a fazer memória do passado, tornando esse momento uma nova lembrança.

Que cada uma das nossas recordações nos leve à gratidão do que somos, do que vivemos e dos sonhos que em nós habitam.

Daniela Calças