Joana Branco
O ano letivo terminou para o secundário e, a fechar a porta (antes dos exames nacionais), esteve a apresentação das teses dos alunos finalistas do curso de Artes. As palavras são escassas (mesmo para quem trabalha com elas) para descrever tudo o que se sentiu naquele final de tarde que teve como protagonistas os nossos alunos. Para chegarmos a três horas de evento, estiveram muitos dias de trabalho quer dos alunos quer de uma equipa de professores que muito admiro-os professores António, Pedro e Diogo (sem esquecer a equipa técnica que é responsável pela parte estrutural do evento).
Ao assistir aos trabalhos, na minha cabeça ecoava a frase que o professor António tanto costuma dizer: “não nos devemos esquecer que estes trabalhos são realizados por miúdos de 17 e 18 anos”. E esta frase não quer desculpar falta de qualidade, antes pelo contrário, quer evidenciar que “miúdos” tão jovens conseguem ter a maturidade de profissionais de diversas áreas artísticas que já estão no mercado há muito tempo. Para além disso, creio que há algo que consegui ver em quase todos os trabalhos: a importância das relações humanas, principalmente as familiares. Muitos trabalhos foram em homenagem ou cooperação com algum familiar, reforçando que tudo o que temos na vida nos liga a pessoas e é com pessoas. O sucesso nunca é individual, é motivado ou em cooperação com alguém.
Neste grupo de 23 alunos, encontramos unidade na multiplicidade de formas que a arte permite trazer ao palco. Com estes alunos e com os 25 anos de curso, mais uma vez é visível que a arte está em tudo o que fazemos e em tudo o que somos.
A nossa escola, com a excelência que nos tem habituado neste curso, vem mostrar, ano após ano, que Artes não é para quem não sabe o que escolher ou não tem apetência para outra área. Artes é para quem traz a arte no coração, é para quem está disposto a trabalhar muitas horas, a fazer da Casa a sua casa e para quem sabe que, em Artes, vai encontrar uma família.

Sempre que estive inserida numa atividade deste curso, quis escrever um texto, para, como dizia Camões, espalhar “por toda a parte” o que de maravilhoso se faz nesta escola. Porém, nem sempre o “engenho e a arte” (e o tempo) estão do nosso lado. Por isso, como forma de rendição, não queria deixar de dar a conhecer outras atividades promovidas pelo grupo:
• Viagem anual ao Porto
Esta é uma viagem de família, que junta os três anos e os professores que os acompanham, para, na Casa Juvenil São João Bosco, promoveram o companheirismo, o espírito de entreajuda e para que possam olhar uns para os outros e uns pelos outros. A D. Emília também é, sem dúvida, um elemento fundamental no sucesso desta viagem, com o carinho e o amor que coloca em tudo o que faz, recebendo, de braços abertos, estes jovens.
• Fotonovelas
Numa apresentação pública na escola, os alunos de 12.º ano dão a conhecer as narrativas que constroem, numa sucessão de imagens, utilizando a técnica stop-motion.
• Videoclipes
Os alunos de 12.º ano foram desafiados a ilustrar as músicas da banda “Dinossauro Abril”, pertencente a um antigo aluno de Artes da escola, Vasco Morais.
• “Odem” (se lerem ao contrário, encontrarão a palavra MEDO)
Esta atividade de 12.º ano incide numa área mais performativa, tendo como suporte os movimentos artísticos do início do século XX (“Futurismo”, entre outros ).
• Curtas-metragens
Este evento, com apresentação e organização do 11.º ano, pretende mostrar, numa sala de cinema real, as curtas-metragens realizadas pelos alunos de 12.º ano, num evento que faz inveja a qualquer cerimónia de Óscares – as “Olívias”.
• Exposição “Paula Rego”
A Casa transformou-se num verdadeiro museu, não ficando aquém de nenhuma exposição nacional, apresentando os trabalhos dos alunos que recriaram as obras da autora (Paula Rego) a pastel de óleo.
• Exposição “Caixa-Forte”
A última exposição da Casa, inserida na Semana das Artes, deu a conhecer os trabalhos em que foram recriados ou em que se usaram técnicas ou imagens de Bordallo Pinheiro, Louise Nevelson e Anna Atkins.
• “Retratos de Autor”
Para comemorar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, o Departamento de Português deu o mote e os artistas retrataram diversos autores portugueses conhecidos, que preencheram os corredores do Secundário.

Venham mais 25 anos de curso, de sucesso e de arte. Este ano, o curso de Artes está em primeiro lugar no ranking, porém, no nosso coração, já ocupa o primeiro lugar há muito tempo. Parabéns!
Joana Branco