Frederico Pimenta
Linhas convergentes
Releitura dos documentos originais da história dos Salesianos em Portugal. Trabalho ímpar de tantos investigadores, com especial destaque para o Pe. Amador Anjos, historiador, conhecedor profundo e inspirador de dissertações e teses sobre a vida e obra dos Salesianos em Portugal.
Boletim Salesiano – 1939 – Preparar um triunfo
“Resolveram então os Filhos de Dom Bosco preparar um triunfo nessa povoação à boa Mâi celeste e ao seu Fundador (…)” (1)
Do ano de 1939, perfazendo no tempo coetâneo 86 anos desde a sua existência, recordamos o acontecimento, na então quase embrionária obra salesiana de Mogofores, que agraciou a localidade e proporcionou o empenhamento vivificador dos benfeitores.
Poucos meses decorreram desde a aceitação pelos Salesianos desta presença, na localidade referida. Importava, pois, robustecer essa comparência na parte de formação dos rapazes e igualmente no seu acompanhamento espiritual.
A capela dos salesianos de Mogofores necessitava, então, de estatuária para os altares laterais: de Itália, chegou a estátua de S. João Bosco e, como oferta, feita por destacada benfeitora da obra mogoforense, a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. Desta benfeitora se apreça como “(…) mãi carinhosa e solícita (…)”.
O período natalício e o início de novo ano foram escolhidos para essa circunstância ilustre. A cerimónia dividiu-se entre as localidades próximas de Famalicão e Mogofores. A primeira, local de habitação da benfeitora, a Sra. Condessa de Bourbon, cujo documento fotográfico anexamos a este escrito, e a segunda, como sede da Obra Salesiana.
As descrições elaboradas pelo BS datam do primeiro dia de janeiro de 1939 a bênção das estátuas, na igreja da benemérita D. Emília de Bourbon Furtado, e a respetiva transferência para “A humilde capela dos salesianos de Mogofores (…)”. Dividido pelas duas localidades foi igualmente o tríduo, iniciado a 28 de dezembro, que se enriqueceu ainda com “(…) projecções luminosas sobre a vida de Dom Bosco”.
No dia 1 de janeiro, realizaram-se duas missas nas respetivas localidades, que contaram ainda com a participação das Irmãs de S. José de Cluny e das crianças do seu colégio de Famalicão. O dia festivo incluiu um almoço e nele “As crianças agradecidas e radiantes de alegria não se cansavam de dar vivas à sra. Condessa e à sra. D. Maria Joana sua sobrinha (…)”. Apadrinhou as estátuas a mesma Condessa de Bourbon.
A procissão realizada entre as duas localidades decorreu sob “(…) um murmurio de respeitosa admiração (…)”. Em Famalicão, “O cortejo desfila (…) num alternar constante de preces e cânticos”; em Mogofores, a “(…) igreja paroquial (…) é nêsse dia demasiado pequena (…)”.
Discursou, no final da procissão, o pároco da freguesia, Pe. Abel Condesso, que salientou, referindo-se a D. Bosco “(…) as suas grandes virtudes (…)”.
Historicamente, anota-se, nesta década final dos anos trinta de mil e novecentos, o incremento da Obra Salesiana em Portugal e, neste concreto, em Mogofores e o papel dos benfeitores nesse mesmo desenvolvimento.
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- Boletim Salesiano, Órgão dos Cooperadores Salesianos, Ano XXXVI, Num. 4, Julho, 1939.
Todas as citações expostas neste escrito têm origem neste documento.