Fredrico Pimenta
Linhas convergentes
Releitura dos documentos originais da história dos Salesianos em Portugal. Trabalho ímpar de tantos investigadores, com especial destaque para o Pe. Amador Anjos, historiador, conhecedor profundo e inspirador de dissertações e teses sobre a vida e obra dos Salesianos em Portugal.
“Com peneiras” – nas Oficinas de S. José, em 1958
O mês de junho apresenta-se em geral trabalhoso para os estudantes que são confrontados com as épocas de prestação de provas para a conclusão dos seus trabalhos letivos e preparação do futuro como estudantes de um curso superior, para algumas faixas etárias.
Há 67 anos, a situação era a mesma. Muito se poderia referir sobre esta situação passadas quase sete décadas e a evolução ou involução do ensino. Não abordaremos aqui esta situação!
Situado então na orla cronológica de 1958, o Boletim Salesiano coevo (1) incluía no título geral “Pelo Mundo Salesiano” a seguinte explanação: “A numerosa população escolar que enche de alegria as Oficinas de S. José, anda agora mais do que nunca atarefada com a preparação próxima para os exames finais, a poucos meses de distância”.
Aborda a publicação salesiana referida peculiares acontecimentos que formavam o estético mosaico das Oficinas de S. José (OSJ). Extraímos, nesta configuração, essas pequenas tesselas noticiosas, submetendo-as ao veredito contemporâneo. (2) O relato contemplou os seguintes assuntos: os retiros espirituais, os passeios, a Rádio Televisão Portuguesa (RTP), uma oferta, o mês de Maria e o centenário das aparições de Lourdes. Dinâmicas que se traduziram em sinónimo de escola viva inserida na vida escolar e social da época. Observemos, respetivamente, cada um dos temas elencados.
As realizações de retiros espirituais abrangeram “as classes primárias”, secundário e o internato. No cômputo, “A alegria espiritual que nesses dias transparecia no rosto de todos é sinal evidente das grandes bênçãos que o retiro trouxe (…)”. Os passeios, no final dos retiros, levaram os jovens ao Monumento Nacional a Cristo Rei, concluído em 1956, e às matas do Estádio Nacional, construído em 1944, tendo o projeto de arborização sido iniciado em 1942. Nesta estrutura vegetal, realiza-se atualmente a atividade física do corta-mato que os Salesianos de Lisboa ali desenvolvem com a periocidade anual.
A Rádio Televisão Portuguesa (RTP), que iniciou as emissões televisivas regulares a partir de 1957, realizou nos espaços das OSJ um conjunto de imagens com testemunhos visuais e orais da ambiência vivida nesses espaços educativos: “Os repórteres e operadores da Rádio Televisão Portuguesa vieram fazer uma interessante reportagem à nossa casa”. Essa presença e o destaque televisivo obtido no país e “em várias nações da Europa” originou que “A rapaziada, essa andava toda «com peneiras» por ser filmada para a televisão…”. Ainda sob a realização da RTP, o grupo coral das OSJ participou num programa musical realizado no Sábado Santo desse ano e colheu muitos louvores por parte dos espetadores. No artigo é informada a existência de múltiplas cópias dessas imagens para envio à “rede europeia de televisão – a Euro Visão”.
Deste êxito surge a oferta feita por um espetador do programa musical que constou de “um comboio eléctrico, em miniatura”, que foi muito “apreciada pelos alunos da mecânica e electro-mecânica”.
Por último, o destaque do mês de Maria recaiu em dois momentos: o primeiro, a inauguração de uma estátua de Nossa Senhora Auxiliadora, “no primeiro desvão das escadas que conduzem às aulas”, onde ainda hoje se encontra, e o segundo, a celebração centenária das aparições de Lourdes, que animou a concretização, na altura, de uma pequena gruta, “ao lado do portão que dá para a Parada dos Prazeres”.
Reerguida desde 1920, as OSJ continuavam a sua obra dedicada à juventude, especialmente àquela que mais precisava, no objetivo de uma perfeita educação.
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- Boletim Salesiano, órgão das obras de D. Bosco, Ano XVII, N.º 133, Junho, 1958.
- Todas as citações incluídas neste texto provêm do Boletim Salesiano indicado.
