Frederico Pimenta
Linhas convergentes
Releitura dos documentos originais da história dos Salesianos em Portugal. Trabalho ímpar de tantos investigadores, com especial destaque para o Pe. Amador Anjos, historiador, conhecedor profundo e inspirador de dissertações e teses sobre a vida e obra dos Salesianos em Portugal.
Detalhes da História através do Boletim Salesiano
Cerca de vinte anos após o seu começo, o Estado Novo continuava a influenciar os diferentes setores da sociedade portuguesa.
No período cronológico referente aos anos 1948 a 1951, o Boletim Salesiano refletiu essa ligação nos ambientes salesianos como aconteceu similarmente em diferentes envolventes.
No postigo temporal, agora aberto, apresentamos documentação coetânea em quatro exemplos, na forma escrita e fotográfica, nas presenças salesianas de Lisboa e Estoril e testemunhos da continuação política no cargo do Presidente da República de então.
A influência da Mocidade Portuguesa (MP) fez-se sentir nos espaços das Oficinas de S. José junto dos rapazes da instituição, merecendo destaque as orientações políticas, as suas diretrizes militaristas e o cuidado nas destrezas proporcionadas pela Educação Física. Neste recorte, datado do dia 30 de maio de 1948, dia consagrado à Festa de Nossa Senhora Auxiliadora, a notícia apresentava assim esse momento:
“Encerraram-se nessa tarde as actividades da M. P., dirigida pelo Sr. Prof. Antero Sequeira Varejão. O Colégio estava embandeirado. Assistiram em lugar de honra, além de Mons. Filipe Cardoso, o Coronel Gomes e Esposa, o Presidente da Junta de Santa Isabel, o Capitão Freire, do Ministério da Guerra, e vários Professores de Educação Física”. (1)
No mesmo Boletim Salesiano, a par das notícias dos momentos festivos celebrados no Instituto Missionário Salesiano, no Estoril, surge igualmente a imagem da atividade da MP ali desenvolvida. O documento fotográfico encima o presente artigo.
No que respeita aos Presidentes da República, surgem três notas testemunhas de momentos significativos. Noticia-se a tomada de posse do Marechal Óscar Carmona, no momento da sua quarta investidura como Presidente, no espaço cronológico de 1935 a 1951. Foi o Presidente da República que mais tempo permaneceu no cargo, iniciado em 1926 e várias vezes reconduzido:
“Presidente da República Portuguesa – A Inspectoria Salesiana, com os seus milhares de alunos de Portugal e do Império, saúda calorosamente o Venerando Presidente da República, Ex.mo Senhor Marechal Óscar Fragoso Carmona, ao ser investido de novo na mais alta magistratura da Nação, rogando a Deus abundante graças do Céu sobre a pessoa de S. Ex.ª e o novo período presidencial, iniciado sob o carinho e o mais alto apreço do País”. (2)
O falecimento do Marechal Carmona foi igualmente documentado no Boletim Salesiano através das palavras:
“O Boletim Salesiano, em nome de todos os Filhos de D. Bosco que trabalham em Portugal e no seu Império, associa-se ao luto da nação portuguesa, pela morte do seu insigne Chefe do Estado, Marechal Oscar Carmona, por cuja alma erguem ao bom Deus piedosos sufrágios”. (3)
Num virar de página de acontecimentos políticos, o governo de então escolheu o General Craveiro Lopes para continuação do cargo de Presidente da República, cargo que nem sempre seguiu a linha pretendida pelo poder. O mandato decorreu de 1951 a 1958. O início deste mandato foi igualmente registado no Boletim Salesiano através do texto publicado em 1951, no número desse ano:
“O BOLETIM SALESIANO, em nome dos Salesiano, Filhas de Maria Auxiliadora, Cooperadores e Antigos Alunos Salesianos, associa-se ao grande júbilo da Nação Portuguesa, pela escolha e proclamação do seu novo Chefe de Estado, General Craveiro Lopes, a quem respeitosamente apresenta sinceros parabéns e promete a mais filial adesão aos nobres ideais acalentados por Sua Excelência, para o engrandecimento de Portugal”. (4)
Estes dois Presidentes visitaram, em alturas diferentes, as instalações das Oficinas de S. José, em Lisboa, testemunhando o excelente trabalho já então desenvolvido.
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- D. Bosco, Ano VII, N.º 59, Julho/Agosto, 1948. O Diretor da revista era o Pe. José Maria Alves.
- Boletim Salesiano, Ano VIII, N.º 64, Maio/Junho, 1949. O Diretor da revista era o Pe. José Maria Alves.
- Boletim Salesiano, Ano X, N.º 74, Março/Abril/Maio,1951. O Direto da revista era o Superior da Sociedade Salesiana em Portugal.
- Boletim Salesiano, Ano X, N.º 76, Agosto/Setembro, 1951. O Diretor da revista era o Superior da Sociedade Salesiana em Portugal.