Finalistas 2025. O testemunho

> Seara > Finalistas 2025. O testemunho

Excelentíssimos diretores, membros da administração e coordenadores, caríssimos professores de todos os ciclos, funcionários e auxiliares, estimados pais, encarregados de educação e familiares, caros colegas: é com enorme alegria (e um pouco de nervosismo) que vos dirigimos estas palavras num momento tão simbólico e carregado de significado como este. Esta celebração marca o fim de uma etapa importante das nossas vidas, um capítulo que se encerra para dar lugar a novas histórias.

Finalmente, chegou um dos momentos mais esperados da festa dos finalistas: a leitura do testemunho dos alunos, um texto que poderá conter algum grau de ironia (muito subtil, prometemos) e que, apesar de ninguém o admitir, nos vai pôr a chorar. Este momento marca o fim de uma era, mas o início de outra e é precisamente por isso que estes minutos são tão valiosos. A partir de agora, deixaremos de ver as mesmas caras todos os dias, vamos sair desta que é a famosa “bolha” dos Salesianos, chegámos tão longe: sobrevivemos, mas não nos podemos esquecer onde tudo começou.

Apesar de nem todos termos chegado aqui ao mesmo tempo, penso que nos lembramos da sensação que é entrar nos Salesianos pela primeira vez. A dimensão desta escola não passa despercebida a ninguém, muito menos a quem cá está desde pequenino, desde o 1.º Ciclo. Nessa altura, ver quem chegava primeiro ao insuflável mais alto era um dos pontos mais entusiasmantes da nossa semana, já para não falar nos cinco gloriosos minutos em que podíamos andar nos triciclos. Desta época, levamos connosco os dias de Carnaval e a impactante viagem ao Porto, assim como as festas do colégio, onde tanto nos divertíamos com os finalistas. O nosso maior problema era escolher ao que iríamos brincar e o nosso maior desejo, após esses quatro anos, era passar para o pátio dos crescidos, lá para cima – só não esperávamos as mudanças que aí viriam. Não podemos deixar de mencionar quem tornou estes fantásticos anos tão especiais, por isso, queremos agradecer aos irmãos Célia e Pedro e ao professor Agostinho por nos terem acompanhado no início desta grande jornada.

Cá em cima, passámos a enfrentar problemas reais: como arranjar um cacifo e decorar os nomes dos deuses gregos. Contudo, também aprendemos coisas essenciais, que levamos até aos dias de hoje, como tocar flauta ou debitar o alfabeto grego. Efetivamente, o 2.º Ciclo foi a base para consolidar os nossos conhecimentos, desafiar a nossa curiosidade e aprender a trabalhar em equipa. Nestes dois anos, não poderíamos deixar de destacar os emocionantes interturmas e a quantidade de pessoas pelas quais passámos a estar rodeados. Para além disso, começámos a ter mais professores e disciplinas, assim como mais amigos, que levámos para a seguinte parte desta aventura. Gostaríamos de agradecer aos professores Frederico Pimenta e João Pereira e, em nome dos auxiliares, à Dona Anabela e ao Senhor Manuel.

No início de uma nova e importante etapa, já tomadas as grandes decisões: Música ou Teatro e Francês (Paris) ou Espanhol (Barcelona); iniciámos o percurso, onde tivemos o privilégio de nos tornarmos famosos e aparecermos nos livros de História como os sobreviventes da pandemia. Nunca trabalhámos tão pouco na nossa vida, as exaustivas aulas de educação física e os testes feitos em grupo foram grandes obstáculos que tivemos de superar – penso que conseguimos. Apesar de todos termos subido as nossas notas, podemos concordar que este foi um ciclo de derrota. Mesmo assim, até hoje, estamos gratos pela oportunidade única que foi poder visitar o complexo municipal das piscinas de Santarém – uma experiência tão memorável que, “Oh Sorte”, como diria o professor Paulo Miranda, muito provavelmente, nunca se repetirá. Salesianos, acho que nos ficarão a dever para sempre uma viagem a Paris ou a Barcelona… Em relação a estes três memoráveis anos, queremos agradecer à Dona Carla, à Inês e ao Jorge, em nome dos vigilantes, e à professora Cristina Fernandes, em nome de toda a comunidade educativa deste ciclo, por terem desempenhado um papel fundamental na adaptação à pandemia e por nos terem proporcionado sempre as melhores condições possíveis face a este obstáculo.

Por fim, chegámos ao secundário, os anos decisivos desta jornada: mais amigos, áreas, novas disciplinas. De facto, no início, não tínhamos noção do que era a responsabilidade e do impacto que um simples número pode ter no nosso futuro. Para nós, o importante era divertirmo-nos, conversar, sair à noite e, se houvesse tempo, estudar. Foi neste ano que começaram os traumas da Física e Química e da Matemática, a breve ilusão de que Geometria Descritiva seria fácil, e as aulas de História com a professora Paula Bessa, onde fomos rindo e aprendendo. Para além disso, foi, também, o ano onde o fim parecia tão distante, mas, na realidade, já se encontrava tão perto. Assim, num abrir e fechar de olhos, o 10.º ano ficou para trás, tal como a média de alguns. Por isso, o 11.º veio para compensar, tivemos mesmo de mudar de atitude. O foco passou a ser equilibrar o estudo com a vida social. Deste ano, temos a destacar a fantástica viagem à Normandia, onde visitámos museus muito interessantes e muito diferentes, e a viagem ao CERN, na Suíça, e à ESA, na Alemanha, que também não ficam de fora com as suas interessantes palestras e passeios. Aposto que nunca esperámos tanto tempo para nos vermos livres de tantos relógios ou que tenhamos tido um jantar tão memorável com direito a música portuguesa. O ano passado ficou marcado pela exigência e resiliência, resultado da agradável chegada dos exames. Muitas foram as noites mal dormidas e os dias dominados pelo stress, que não teríamos ultrapassado sem uns bons litros de café. Não teríamos superado esta fase sem a enorme dedicação, paciência e disponibilidade de todos os professores do Secundário. Foram eles que, ao longo destes anos, nos orientaram, esclareceram dúvidas (mesmo quando eram as mesmas pela terceira vez), e nos ajudaram a manter o rumo quando a pressão apertava. Para além das aulas, dos testes e das notas, ficam também as conversas, os conselhos e os gestos de apoio que marcaram a diferença. Por tudo isto, obrigado! Esperamos poder contar convosco para sempre e, em especial, uma última vez, afinal, a “segunda parte” ainda aí vem, ainda não terminámos os exames.

No entanto, é importante referir que este ano não foi só sobre notas, todas as nossas amizades foram reforçadas e novos laços foram criados. Um dos aspetos que realmente dá significado aos Salesianos são as amizades que fomos fazendo ao longo destes anos e que, certamente, nos acompanharão neste caminho a que chamamos vida. Sem elas, não teríamos conseguido enfrentar todas as dificuldades e obstáculos, que acabaram por nos moldar e tornar quem somos hoje. Desta forma, apercebemo-nos de que os nossos pais sempre nos avisaram que estes anos iriam passar num abrir e fechar de olhos. Na altura, parecia uma daquelas conversas a que não damos muita importância, mas, assim foi, finalmente chegámos ao 12.º ano. Hoje, ao olhar para trás, não podemos deixar de agradecer a quem esteve sempre ao nosso lado, nos bons e maus momentos: os nossos pais, avós, irmãos, tios, a todos os que, de alguma forma, nos acompanharam neste percurso. A vossa presença nesta celebração é a prova de que nunca fizemos este caminho sozinhos, e, por isso, vos estamos gratos.

Nos últimos anos, observávamos os finalistas que iam passando por nós e pensávamos que a nossa vez ainda não estava próxima. A realidade é que este ano foi a nossa vez. O último corta–mato, a última festa de Natal, as últimas festas salesianas, na verdade, o conhecido último ano das últimas coisas. O 12.º ano foi muito mais do que um fim anunciado. Foi um tempo de descobertas e de conquistas, de tardes livres, de muito estudo, de festas de 18 anos, de liberdade. Tivemos a sorte de viver experiências únicas, como as viagens a Cabo Verde e a Nova Iorque. Estas experiências fizeram-nos ver o mundo com outros olhos e criar memórias para a vida. Ficámos a conhecer verdadeiramente as Santas Marias, se calhar até demasiado bem, graças ao Nuno, que esteve connosco nesta memorável viagem. Já para não falar dos dias de praia, onde esperávamos pacientemente pelas seis da tarde, e das saídas à noite, cheias de histórias (algumas quase inconfessáveis), na Ilha do Sal. Em Nova Iorque, conhecemos as luzes brilhantes da Brodway, vivemos a emoção de assistir a um jogo da NBA, com o fantástico guia Filipe, e desfrutámos do cruzeiro no famoso rio Hudson, rodeados pela conhecida skyline da cidade e pela estátua da liberdade. Para além disso, o passeio por Central Park não passou despercebido, fazendo com que vivêssemos verdadeiramente a experiência da cidade que nunca dorme. Fortaleceram-se laços e, inesperadamente, surgiram amizades novas, daquelas que nos fazem perguntar como não tinham começado antes. O último ano foi isto mesmo: um misto de despedida e de encontro. De fim e de recomeço. E talvez seja por isso que ficará gravado como um traço firme no mapa da nossa história. Pelo apoio, pela ajuda e por nos abrirem portas a novas oportunidades, expressamos a nossa profunda gratidão às professoras Sandra Marques e Marta Mota, em representação da comunidade educativa do ensino secundário, assim como à querida Maria João, ao Dão e à Tatiana, em nome dos auxiliares deste ciclo.

Como nenhum caminho se percorre sozinho, ao longo destes anos, contámos com o apoio de muitos que, com dedicação silenciosa e constante, contribuíram para que hoje estivéssemos aqui. Gostaríamos de agradecer à Pastoral do colégio por todos os projetos, orações e bons dias propostos, mencionando o Pastoralista João Ensina. Agradecemos também a todos os professores que integram esta excecional comunidade educativa, por todo o seu apoio, esforço e dedicação para nos verem chegar aqui realizados, assim como à administração, nomeando o Senhor Orlando Camacho, e à direção: padre diretor João Ramos e diretor pedagógico professor José Morais: obrigado por todo o suporte e por todas as experiências proporcionadas. Que estas comunidades, em conjunto, continuem a saber cuidar e preparar os alunos desta escola para o futuro. É, ainda, importante fazer menção aos técnicos que tornaram este evento possível, obrigado pelo vosso imprescindível trabalho. Gostaríamos também de recordar com carinho o Brito, nosso querido auxiliar, que nos deixou há algum tempo. A sua presença marcante, sempre atenta e disponível, foi um porto seguro para muitos de nós durante o percurso no colégio. A sua memória continuará viva em cada canto desta casa e no nosso coração. Por fim, gostaríamos de agradecer à nossa Mãe do Céu. “Foi ela quem tudo fez” e tornou todo este caminho belo. Pedimos-Lhe que abençoe o percurso de cada um daqui para a frente. Temos a certeza de que, mesmo chegando longe, Ela estará sempre connosco.

Ser aluno salesiano é aprender muito para além dos livros. É saber que cada Bom Dia pode mudar o rumo de um dia inteiro. É crescer com valores que não se apagam, valores de bons cristãos e honestos cidadãos. É encontrar fé nos gestos dos outros. É, após o corta-mato, receber uma bola de Berlim com um sorriso no rosto. É rir com os amigos no pátio, mas sem nunca esquecer os tempos dos triciclos e dos insufláveis. Ser aluno salesiano é passar tardes no quiosque. É saber que o DPNE e os amigos estavam lá nos dias em que tudo parecia acabar. Ser aluno salesiano é viver a festa de Natal. É ter professores que se tornam amigos e funcionários que conhecem o nosso nome melhor do que nós próprios. É ter medo do primeiro teste e confiança no último exame. É aprender a servir, escutar, recomeçar e perceber que cada dia nesta escola nos moldou sem que nos déssemos conta. É ter saído da bolha, mas levar a bolha connosco. Ser aluno salesiano é isto.

Concluindo, apesar de nos prepararmos para o próximo voo, com os olhos postos no futuro, o coração ainda pousa no lugar onde aprendemos a ser. Chegámos ao fim de uma etapa, mas não ao fim do caminho. Cada riso partilhado, cada desafio superado, cada abraço trocado construiu em nós algo que levamos para sempre. Não partimos vazios, partimos cheios de histórias, de valores e de pessoas que deixaram marca em nós. Crescemos aqui, entre estas paredes que se tornaram casa, e seguimos com a promessa de honrar tudo o que aprendemos. Afinal, “O Homem ainda traz no seu corpo o selo indelével da sua humilde origem”, escreveu Charles Darwin. Qualquer aluno que tenha passado por esta casa levará sempre consigo as marcas mais profundas de tudo o que aqui viveu, não como um simples registo do passado, mas como um forte alicerce que sustentará tudo o que vier a ser construído depois. Agora sim, depois de termos soltado alguns sorrisos e talvez uma ou outra lágrima, chegou a hora de nos despedirmos. Fomos sementes lançadas à terra, e cada ano nesta casa foi um raio de sol que nos fez crescer. Nunca se esqueçam: recordar é viver – e aqui vivemos tanto. Muito obrigado, Salesianos, até sempre!